Complexo Administrativo Municipal de Bento Gonçalves.

Com o objetivo desenvolver um espaço que abrigue os poderes Executivo e Legislativo Municipais de Bento Gonçalves, este novo equipamento de caráter institucional surge para suprir a demanda pela centralização das atividades dos setores públicos. Deste modo, o projeto prevê a requalificação de uma área de grande potencial social e econômico – atualmente subutilizada – através da proposição de projeto de uso e domínio público. Busca também criar um lugar que contemple as reais necessidades físicas governamentais de acolhimento e integração para os servidores municipais e comunidade local, para colaborar com a logística de trabalho administrativo municipal, compilando os setores e agregando valor ao tempo de trabalho, ampliando a acessibilidade e a conexão com os espaços abertos, estendendo a diversidade de usos do Corredor Gastronômico de modo a permear a superquadra, tornando-a mais viva, dinâmica e coletiva e incentivar os deslocamentos a pé e bicicleta, ao longo da via Gastronômica, passando pelo Complexo Administrativo. Para a concepção da proposta, considerou-se os aspectos físicos do lugar como, a presença de visuais importantes justamente na testada norte, cujo terreno possui grande desnível e apresenta uma boa insolação, devendo-se assim, tirar partido de tais condições. Definiu-se também, que o centro do terreno deve possuir a função articuladora dos 03 grandes setores do programa de necessidades, favorecendo a convivência em espaços abertos democráticos e atrativos para a população. Assim, a apropriação do recorte resulta em uma área central totalmente ensolarada, ideal para a implantação da praça cívica. No alinhamento sul, devido à forte conexão com a rua, torna-se viável demarcar os acessos comerciais e de serviços e, também do setor administrativo. Justamente junto aos acessos citados, é importante criar refúgios, isto é, espaços cobertos que possam assumir a função de “pórticos de acesso” para a praça aberta. Nestes espaços, propõe-se áreas de estar interligadas com a rua e com o comércio criado. Outro ponto importante é o fato da volumetria mais alta do conjunto localizar-se na área mais afastada da rua, com o propósito de manter o gabarito de alturas da via de acesso e criando um efeito de perspectiva para o pedestre, diminuindo assim o efeito de estreitamento e adequando-se melhor à escala humana.
Por fim, cria-se uma interface dupla de ocupação da área. A primeira conectada com a rua e a face leste do terreno – como um espaço edificado, onde concentram-se as atividades administrativas e comerciais do Complexo. E a segunda, sendo uma extensão da área de lazer aberta da cidade, nas faces norte e oeste, justamente a parte mais distante da rua, para criar uma atmosfera de expectativa e curiosidade de reconhecimento no usuário – permitindo a exploração de visuais privilegiados por toda população em diferentes períodos do dia (por do sol), promovendo a vitalidade urbana e configurando o espaço aberto como elemento atrativo com pequenos recantos, isto é, áreas com funções diversificadas, visto que apenas a praça de caráter seco e monumental causaria estranheza à escala humana, fazendo com que poucos pedestres se sentissem atraídos a frequentar a área.
Nesta configuração, com a centralização do espaço aberto cívico, envolto pelas duas interfaces citadas, pretende-se desenvolver um núcleo articulador que poderá assumir flexibilidade usos, dependendo da necessidade. A praça cívica central, historicamente utilizada como palco de manifestações culturais e prática de comércio, assume o papel vital de conexão do edificado com o espaço aberto, e se torna ponto de interesse mútuo que fortalece os vínculos e promove as relações de troca entre poder público e sociedade.

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