O Coletivo Indígena e Centro Cultural Jeguatá Tape Porã será um espaço para disseminação e valorização da cultura indígena em Porto Alegre/RS. O programa deste espaço é voltado para dois grupos: os indígenas e os Juruás (não índios em Guarani). O programa de necessidades voltado para os Nativos Americanos irá ajudá-los a dar continuidade aos seus costumes e também transmitir a sua própria cultura às novas gerações. Por sua vez, a parte do programa voltada para o restante da população será responsável por educar os não índios sobre as tradições originárias de nossas terras e desse modo a população aprenderá a valorizar e reconhecer a importância da preservação da cultura indígena.
A questão indígena está profundamente vinculada à questão ambiental. Há grandes extensões de terras com ecossistemas fundamentais para a biodiversidade mundial, assim como para a conservação e sobrevivência das distintas culturas indígenas existentes no País. Os povos indígenas no Brasil contribuíram para que o conjunto de suas terras “contivessem as maiores superfícies de áreas preservadas”, representando um valioso acervo de técnicas e estratégias de sustentabilidade. Porém, ao longo da história brasileira, muitas etnias foram extintas, assim como um número significativo de espécies nativas, restando poucos povos que ainda conservam suas tradições e que acessam ecossistemas apropriados à reprodução da tradição cultural. Os povos indígenas hoje localizam-se, em grande parte, dentro de áreas cada vez mais reduzidas e, além disso, encontram-se expostos a inúmeros conflitos fundiários entre terras indígenas e áreas de preservação ambiental, vivendo em condições precárias e sob constantes ameaças de invasões às suas terras. Apenas 10% da população originária continua viva, tendo isto em vista, 49,9% da população indígena da região sul vive fora de terras indígenas. É obrigação do nosso estado intervir nesta questão e ajudar no combate à extinção dessa cultura.
Através da união da arquitetura vernacular indígena com a arquitetura contemporânea, o projeto do Coletivo Indígena e Centro Cultural possibilitará o desempenho de atividades tradicionais dentro de uma área urbana densificada, unindo a morfologia e materialidade indígenas com a volumetria contemporânea condizente com o entorno urbano. Cabe deixar claro que cada povo indígena é único com sua própria cultura e crença. Porém, para acolher ao máximo essa comunidade e a luta indígena, pensou-se na criação de um espaço no qual se abordam questões da crença e cultura dos diferentes povos do sul do país, para que todos se sintam representados e pertencentes aquele espaço.
Foi escolhida esta área para a implantação do programa, pois a vivência do indígena com o modo de vida do juruá é inevitável, e a dependência da venda do artesanato indígena é a realidade da maior parte das aldeias. Todos os dias vários indígenas percorrem longos trajetos de ônibus para vender seus artesanatos no centro da cidade vindos de suas aldeias localizadas na periferia da capital. Um espaço com alojamentos pensado para a cultura nativa facilitaria essa necessidade da vinda para o centro da cidade e disponibilizaria moradia temporária para os indígenas vindos de aldeias de outras partes do estado.
Coletivo Indígena e Centro Cultural Jeguatá Tape Porã
Autor:
Carolina Ramos Torres
Orientador:
Paulo Ricardo Bregatto e Paulo Cesa Filho
Instituição:
Pontifícia Universidade Católica - PUC RS
Data:
2021-2
Deixe seu comentário