Centro de apoio CRVM – Comunidade Ribeirinha Vila Monteiro
O projeto visa estabelecer um Centro de Apoio à Comunidade Ribeirinha Vila Monteiro, situado no município de Coari, a 36 horas de barco de Manaus. Esta comunidade, localizada a 3 horas de barco de Coari, enfrenta sérios desafios em relação ao acesso a serviços essenciais. No Brasil, existem cerca de 350 comunidades ribeirinhas na Floresta Amazônica, reconhecidas oficialmente desde 2007. Essas comunidades vivem nas margens de rios e lagos, sustentando-se por meio da pesca, roças de subsistência e artesanato. Suas casas são construídas sobre palafitas, adaptando-se às cheias e secas dos rios, que também são suas principais vias de transporte.
O isolamento geográfico dessas comunidades dificulta o acesso a serviços essenciais como saúde, educação, saneamento, energia e comunicação. Frequentemente, os moradores precisam viajar longas distâncias de barco para obter atendimento médico e educação, o que compromete sua qualidade de vida e bem-estar. Essa situação é agravada pela falta de infraestrutura adequada, que limita ainda mais as oportunidades de desenvolvimento e crescimento pessoal.
Diante das necessidades específicas da comunidade, propõe-se a construção de uma unidade básica de saúde, uma escola de educação fundamental e média, um atracadouro e um centro religioso. Essas intervenções têm como objetivo promover a equidade nas áreas de educação, saúde e cultura, garantindo que todos os aspectos essenciais para o desenvolvimento da comunidade sejam atendidos de maneira equilibrada e integrada. A criação dessas estruturas não apenas facilitará o acesso a serviços, mas também fortalecerá o senso de comunidade e pertencimento entre os moradores, promovendo um ambiente de apoio mútuo e solidariedade.
Além disso, o projeto busca desenvolver estratégias sustentáveis para a melhoria da vida local. Os ambientes serão projetados levando em consideração o clima da região, priorizando espaços arejados e bem iluminados naturalmente. As construções utilizarão matéria-prima local, garantindo não apenas a durabilidade das edificações, mas também a valorização dos recursos disponíveis na própria comunidade. É fundamental que essas construções atendam às necessidades locais e estejam preparadas para enfrentar as adversidades climáticas, bem como as variações do rio, que muda de volume ao longo do ano.
Vale destacar que essa comunidade já recebe apoio desde 2017 por meio de uma ONG, que tem auxiliado em algumas épocas do ano com consultas médicas, odontológicas e na construção de infraestruturas locais. O trabalho realizado por essa organização tem sido fundamental para melhorar a qualidade de vida dos moradores e para a implementação de soluções que atendam às demandas da população. Com o novo centro, espera-se potencializar ainda mais esses esforços, promovendo um desenvolvimento sustentável e inclusivo para todos. O objetivo final é criar um ambiente onde os moradores possam prosperar, garantindo um futuro melhor para as próximas gerações.
CENTRO DE APOIO – CRVM
Parecer do júri
Destaca-se, neste trabalho, a valorização da vida das comunidades ribeirinhas, a fundamentação na garantia de direitos básicos à dignidade humana em contexto de fragilidade socioambiental e econômica e seu desenvolvimento conceitual baseado na circularidade. O projeto abordou, de forma satisfatória, aspectos ambientais e climáticos inerentes ao local, relação da comunidade com o lugar e dinâmicas de vida da população. Utilizou-se materiais disponíveis no território, demonstrando respeito às práticas e técnicas construtivas tradicionais. Embora a edificação seja dimensionada de forma generosa em relação ao contexto, especialmente nas áreas de circulação, e utilize formas curvilíneas que apresentam desafios para a otimização dos materiais, a proposta ainda destaca uma coerência estética e respeito significativo ao entorno, sendo representada graficamente de forma clara. Por fim, o trabalho expande-se como um convite ao processo de olhar criticamente aos desafios que as populações ribeirinhas enfrentam e à pertinência do papel do arquiteto em suas funções em prol da equidade e da justiça social.
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