Broto – EcoMercado e Centro de Gastronomia Social

Broto – EcoMercado e Centro de Gastronomia Social
A forma de cultivar e preparar alimentos é reflexo dos aspectos culturais transmitidos de geração a geração, demonstrando as preservações e transformações sucedidas ao longo do tempo. De acordo com Velloso (2022), “num objeto ou acontecimento urbano refletem-se o conhecimento, a percepção e os gestos dos habitantes: os lugares em que se vive a cidade são sempre junção, articulação – arranjo de formas de conhecer, perceber e agir”. Para tanto, entende-se que os hábitos gastronômicos refletem os laços entre a tradição e a contemporaneidade e podem ser representados através da arquitetura, fortalecendo a memória, a identidade cultural e sendo um lugar democrático a todos.
Desse modo, a cidade de Panambi-RS possui uma forte cultura ligada aos pequenos produtores rurais, onde de geração em geração, o cultivo orgânico é regado por uma herança cultural a qual faz parte da identidade local. Por conseguinte, sabe-se também, que o numero de pessoas que não possuem acesso a uma alimentação saudável e digna aumenta cada dia mais em todas as partes do mudo. Entende-se assim, a importância de criar espaços que possam difundir a ideia de um consumo sustentável e acessível a todos, e simultaneamente torne a memória e o cultivo de pequenos produtores parte da cidade e da cultura.
Assim a proposta para o anteprojeto tem como princípio norteador o ideal de resgatar as raízes culturais, de modo que o passado se torne relido pelos olhos do presente. A partir disso, o espaço arquitetônico trará elementos, materiais e formas capazes de proporcionar uma leitura referente às principais características das tipologias comerciais existentes ao longo do tempo.
Por meio disso, através da multidisciplinariedade do projeto, a organização dos setores e usos distintos necessitam de uma organização funcional, mas que também seja atrativa para os usuários. A partir dos setores do espaço gastronômico social, foi necessário a organização dos espaços de trabalho da cozinha industrial, de maneira que o fluxo acontecesse de maneira contínua a partir do início e fim da produção dos alimentos.
Para o setor do mercado os espaços foram pensados para dialogar com o exterior, onde a natureza se faz presente, remetendo as antigas feiras ao ar livre, repletas de permeabilidade, sendo assim, um convite a descobrir o local. Para a composição do primeiro pavimento da edificação pensou-se em um ambiente reservado, considerando que neste espaço será abrigado o setor administrativo.
Através de sobreposições temporais provenientes por meio da materialidade, organização espacial e estratégias bioclimáticas dentro deste espaço, a finalidade é projetar um ambiente que não seja apenas um mero local de comércio, mas também um local onde a memória, a cultura e o afeto serão evidenciados através da arquitetura. Por meio da simplicidade da forma, concebida através da sutileza dos materiais empregados e a conexão com a cidade, o projeto busca criar um diálogo entre o perene e o contemporâneo, atendendo as necessidades dos dias atuais sem deixar de lado as raízes que tecem nosso presente.

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