PRÊMIO IAB 2023 – resumo
“Arcos – complexo cultural e centro de capacitação profissional: restaurando a memória do HPSP” é um projeto de Rearquitetura no edifício Hospital Psiquiátrico de São Pedro, localizado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Apesar de ser um edifício tombado e datado do Império, um marco na arquitetura gaúcha, e a primeira Instituição Psiquiátrica do Estado, o HPSP sofre ao longo dos anos com sua desocupação atrelada ao desamparo do Estado em relação ao seu complexo. Com o intuito de resgatar positivamente a memória da paisagem urbana e da linguagem arquitetônica do Hospital, assim como ressignificar seu uso que antes foi segregatício, propõe-se uma intervenção urbana em escala macro, considerando que o HPSP abrange uma larga área, bem como uma proposta em escala micro, afim de tratar o complexo que hoje se encontra em situações precárias quanto tratamento arquitetônico.
A concepção do polo cultural e de capacitação profissional surgiu, principalmente de duas premissas: a necessidade de um equipamento intermediador entre as inúmeras escolas de ensino fundamental/médio e a instituição de ensino superior mais próxima, a PUCRS; assim como, a valorização cultural das últimas apropriações populacionais do Hospital, visto que por muitos anos a manutenção do HPSP foi voltada à Secretaria de Cultura através de grupos de teatro cênico.
Por ser um projeto que integra diferentes programas, propõe-se dividir a demanda em 3 grupos – o cultural e o da saúde, ambos de responsabilidade do Estado, porém o primeiro voltado à população geral e o segundo àqueles que ainda são assistidos pelo HPSP; e o educacional, de responsabilidade privada (SESC), voltado ao público interessado em cursos profissionalizantes.
Para tal desafio, tomou-se partido de diretrizes urbanas na escala maior da intervenção, e arquitetônicas quando se diz respeito à edificação do HPSP em si. O urbano, então, levou em maior consideração as condicionantes do entorno, dos pedestres e dos eixos de veículos. Quanto ao Paisagismo, o fator decisivo se deteve a manter vivo o vasto gramado tão reconhecido pelos porto-alegrenses, sendo a maior intervenção frente a Av. Bento Gonçalves, o novo espelho d’água. Já o seu arquitetônico foi conceituado a partir de uma necessidade de integrar um passado sombrio, um presente de possibilidades ocupacionais e um futuro de inserção social. E para isso, a melhor ferramenta foi a interseccionalidade dos materiais ao longo dos percursos visuais.
Os novos núcleos de circulação referenciam La Villet de Bernard Tschumi. As escadas como elemento objeto, as passarelas e as claraboias remetem a projetos de Paulo Mendes da Rocha, como a Pinacoteca. E as estruturas metálicas do último pavimento reafirmam o SESC de Lina Bo Bardi em Pompéia, SP. “Arcos” é um projeto que se preocupa em mostrar a força da arquitetura Eclética datada do Império, ao mesmo tempo em que se detém a enfatizar a nova funcionalidade de seu espaço através de elementos chaves da arquitetura.
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