Agroecotécnica: Estação Experimental de Agroecologia do IFRS – BG
O projeto consiste na proposta de regeneração da atual estação experimental do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) da cidade de Bento Gonçalves, com o objetivo de torná-la uma ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE AGROECOLOGIA: um espaço vinculado a uma instituição pública, voltado ao ensino, pesquisa e extensão em agroecologia. Além dos alunos do IFRS, o público alvo inclui alunos de escolas municipais e estaduais de ensino infantil, fundamental e médio, e a comunidade local de agricultores.
Tendo em vista os desafios socioambientais que enfrentamos na atualidade e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, o novo plano de uso para a estação busca oferecer à comunidade um espaço multidisciplinar de conscientização ambiental e resgate de saberes ancestrais, a fim de disseminar a agroecologia em nossa sociedade.
A atual estação está consolidada na zona rural da cidade, no distrito de Tuiuty, no Vale do Rio das Antas, em um terreno com aproximadamente 70 hectares, onde ocorre o cultivo de grãos e frutas no sistema convencional e a criação de animais no sistema semiextensivo, sendo utilizada pela instituição para atividades educacionais nos cursos relacionados à agropecuária. Na análise dos condicionantes locais, destacaram-se a contaminação do solo com agrotóxicos, carência de infraestrutura apropriada para alunos e funcionários e dependência do sistema público no fornecimento de energia e água. Já a biodiversidade das áreas não cultivadas, as visuais e a proximidade com a comunidade local de agricultores revelaram-se importantes oportunidades de projeto. Desta forma, confirmou-se a vocação do lugar para práticas rurais tradicionais que preservam a paisagem natural.
Para nortear as diretrizes da proposta geral da intervenção, adotou-se como base as premissas da permacultura, que possui o intuito de planejar ambientes humanos sustentáveis e produtivos, integrando seus diferentes componentes em equilíbrio e harmonia com a natureza. A partir destes princípios e da análise do local, o planejamento espacial foi distribuído ao longo de cinco zonas, que consideram as distâncias percorridas, a hierarquia de usos e de manutenção dos sistemas, pensado para ser implementado em três fases temporais.
O conjunto da paisagem atua como um local de experimentação e reflexão, uma biblioteca a céu aberto, contendo diferentes exemplos de soluções baseadas na natureza aplicados em todas as escalas. Desta forma, cria-se um percurso de aprendizagem, denominado “Rota ecopedagógica”, que transpassa entre as diferentes zonas, permeando entre espaços externos e internos.
O “Complexo Zona Zero e Um”, local que concentra as atividades centrais distribuídas nos setores de serviço, administração, educação e hospedagem, é onde ocorrem as principais intervenções no ambiente construído. Após levantamentos de patologias das edificações existentes, foram propostas a demolição e reciclagem dos edifícios ociosos e com estrutura comprometida. O restante é mantido, reformado e ampliado, dando continuidade ao conjunto sobre o solo já impactado e expandindo o programa em um sistema modular, proporcionando uma infraestrutura de qualidade para funcionários e visitantes, com soluções pautadas na natureza, de baixo impacto ambiental e que utilizem técnicas construtivas e materiais locais, integrando-se à rota ecopedagógica.
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