A|CATA – Associação dos Catadores da Vila dos Papeleiros

A gestão de resíduos sólidos urbanos é historicamente negligenciada nas cidades, o que se reflete diretamente nas precárias condições de trabalho de quem desempenha um papel essencial na sustentabilidade urbana. Na Vila dos Papeleiros, em Porto Alegre, essa realidade é ainda mais visível. Catadores responsáveis pela separação de materiais descartados enfrentam o desafio duplo da invisibilidade social e da falta de infraestrutura adequada. A arquitetura das unidades de triagem, por sua vez, nunca foi planejada para atender às suas necessidades, sendo marcada pela ausência de funcionalidade. Este projeto visa reverter essa situação, propondo a requalificação das unidades de triagem existentes no Bairro Floresta, e a criação de um espaço que atenda às necessidades dessa comunidade, promovendo inclusão, dignidade e sustentabilidade.
O projeto localiza-se próximo ao Loteamento Santa Terezinha, popularmente conhecido como Vila dos Papeleiros, e tem como objetivo repensar a infraestrutura dos galpões de triagem existentes, criando ambientes flexíveis que possam ser adaptados conforme as demandas do trabalho. A introdução de sistemas de semi-mecanização otimiza os processos, reduzindo o esforço físico necessário e aumentando a eficiência das atividades diárias.
Além da melhoria das condições de trabalho, o projeto também busca promover a capacitação por meio da criação de um centro educacional e profissionalizante. Este centro oferece cursos e oficinas voltados para a reciclagem e outras habilidades, proporcionando aos trabalhadores mais autonomia e gerando novas fontes de renda a partir da produção de produtos recicláveis. O espaço contará com laboratórios e salas de aula, além de promover a educação ambiental e a conscientização sobre a importância da reciclagem.
Dentro da proposta, será criado um percurso industrial e educativo que incluirá exposições interativas, oficinas e palestras, com o intuito de sensibilizar a sociedade sobre o valor do trabalho realizado no processo de triagem. A ideia é mostrar que a reciclagem não é apenas um processo econômico, mas também um ato fundamental de preservação ambiental e inclusão social.
A proposta arquitetônica busca romper com o histórico de negligência na criação desses espaços, criando ambientes funcionais e eficientes, ao mesmo tempo em que valorizam o trabalho realizado. A arquitetura, neste contexto, torna-se uma ferramenta de inclusão, promovendo um espaço de convivência, interação e empoderamento, que contribui para a valorização dos profissionais e o fortalecimento da sua rede de apoio.
Ao criar um ambiente digno e funcional, o projeto busca gerar um impacto positivo duradouro, não apenas na Vila dos Papeleiros, mas também em outras comunidades urbanas com desafios semelhantes. Essa proposta vai além de uma simples solução prática para a gestão de resíduos; ela é um convite à reflexão sobre a responsabilidade coletiva no cuidado com o meio ambiente e com as pessoas que tornam esse cuidado possível. É uma visão para o futuro, onde sustentabilidade e inclusão caminham juntas, gerando impactos transformadores e positivos para todos.

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