A LOMBA DO FUTURO

“Todo cidadão estabelece grandes vínculos com alguma parte de si e sua imagem está repleta de recordação e significados. Os elementos móveis de uma cidade, em especial as pessoas e as suas atividades, são tão importantes quanto as partes físicas inertes. Não somos simples observadores deste espetáculo, mas também quem formamos parte dele e compartilhamos em conjunto com todos participantes.”
A imagem da cidade, Kevin Lynch.

A reflexão deste trecho em conjunto com demais bases teóricas consolidadas na arquitetura e urbanismo como o urbanista Jahn Gehl e a jornalista e escritora Jane Jacobs construíram a base para o meu olhar na cidade. A cidade fala por meio das pessoas e suas necessidades ecoam pelas ruas. Independente de onde seja, o local de intervenção fala o que precisa para potencializar seus pontos fortes e seguir com o seu papel na cidade: plano de fundo para as pessoas construírem as suas histórias. O arquiteto dentro deste complexo emaranhado de subjetividades e necessidades individuais tem o papel de escutar. De observar. De analisar. De traduzir e transformar o ambiente físico de acordo com as necessidades do local.

“A Lomba do Futuro” teve por objetivo desenvolver um anteprojeto arquitetônico em bairro periférico da cidade de Porto Alegre, visando à conexão da população local de forma sustentável com áreas verdes não urbanizadas. As estratégias projetuais para viabilizar esta conexão foram concebidas após uma série de análises do local, através de diferentes metodologias de leitura do espaço urbano e da identificação das demandas da população local através dos relatórios do Orçamento Participativo de Porto Alegre, e propostas de uso da área constantes na Lei Complementar nº 630, que institui a Operação Urbana Consorciada Lomba do Pinheiro.
A proposta do anteprojeto se utilizou de premissas existentes do terreno para definição da inserção do complexo edificado, tirando partido da vegetação local pré-existente e adaptando-se à topografia natural do lote. Assim, foi proposta uma edificação para abrigar uma unidade de assistência social e uma sede de ensino complementar para adolescentes, integradas a duas grandes praças, adjacentes às vias de acesso ao terreno. O vínculo com a grande reserva natural se deu através de estratégias projetuais para enaltecer a paisagem natural como a inserção de uma trilha ecológica e um mirante no complexo, bem como a escolha da materialidade aplicada ao edifício. Ao final do processo, obteve-se como resultado uma proposta arquitetônica integrada à natureza e a cidade, com uso relevante para a sociedade, vinculado às demandas locais.
Eu acredito que quanto mais se utilizar dos espaços naturais de forma consciente e para a promoção adequada de espaços de lazer, cultura e educação menos teremos que nos preocupar com a degradação ambiental. Eu acredito que a educação é o único caminho para evolução da sociedade.

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