RESGATANDO A MEMÓRIA: Planejando e requalificando a orla ferroviária de Erechim

O presente trabalho busca desenvolver um anteprojeto urbano, paisagístico e arquitetônico que visa a requalificação de espaços livres e ociosos ao longo da orla ferroviária de Erechim-RS, potencializando-os como área pública de qualidade a fim de possibilitar a aproximação da comunidade com a memória afetiva da cidade.
Erechim é uma cidade que carrega na sua memória uma “cultura” ferroviária muito forte. Os trilhos foram um dos primeiros elementos edificados na paisagem e desde então, sempre tiveram grande relevância nas dinâmicas territoriais. Foi às margens da ferrovia e da estação que se iniciou o processo de ocupação do povoado se estabelecendo comércios, serviços, indústrias e residências.
Com a desativação da linha férrea na década de 1980, toda essa infraestrutura foi deixada de lado, assim como a sua história e vivências diárias. Dessa forma, esse trabalho abrange um estudo aprofundado de toda a linha férrea, sobre as dinâmicas urbanas e o caráter histórico cultural da cidade.
E a partir desses estudos, é proposto uma intervenção Urbana nas margens da ferrovia, buscando a aproximação e o resgate da memória local. Essa proposta é feita a nível de diretrizes e ambiências, procurando oferecer um espaço de permanência para a comunidade, que carece de áreas públicas e atrativas na cidade.
Na sequência, é realizada uma aproximação da escala local, focando na área da Estação Férrea, espaço considerado de maior relação afetiva da comunidade com a memória local. Assim, é proposto um uso cultural para a edificação, a qual já conta com atividades de grupos culturais.
A localização da Estação é muito privilegiada. Nos seus arredores encontram-se muitas edificações de uso diário, como o terminal rodoviário e a feira do produtor. Dessa forma, também é proposto um novo conjunto de edificações de Feira do Produtor.
O novo conjunto de edificações segue o conceito de linearidade, assim como o proposto para a intervenção nos trilhos. Dessa forma, a Feira do Produtor dá sequência ao alinhamento da Estação, além de apresentar uma forma simples, ortogonal e vertical, com uma materialidade que não se destaca perante a edificação histórica.
A praça que envolve o terreno da Estação também recebeu um tratamento especial, o desenho de piso apresenta uma hierarquia conforme se aproxima da Estação Férrea, essa hierarquia é ressaltada pelo tipo de pavimentação, pelo tamanho da vegetação e o tamanho dos canteiros.
Seguindo os preceitos de intervenção em edificações históricas de autores como Camilo Boito, Brandi e Beatriz Küll, optou-se por fazer mínimas intervenções na estrutura da Estação Férrea, respeitando a sua relação com o entorno e o seu contexto histórico. Os usos propostos seguem uma relação com os usos antigos, como por exemplo as salas de exposições que localizam-se nos espaços da agência e sala de espera, locais de permanência e passagem de pessoas. As demais são de acessibilidade e aberturas internas para dar continuidade no fluxo, sendo que todas novas intervenções se destacam em materialidade, para mostrar a diferença do novo e o antigo.

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