Habitação Multifamiliar de Interesse Social

A carência de moradias e a contínua deterioração dos assentamentos humanos é um problema mundial e recorrente, afetando principalmente as populações urbanas nos países em desenvolvimento, como o Brasil. A função social da Arquitetura e do Urbanismo demanda de seus profissionais um posicionamento crítico e um engajamento nas soluções dos problemas que a eles competem. Portanto, o tema Habitação de Interesse Social foi escolhido com o intuito de recusar a ideia de “habitação popular” como habitações pequenas, repetitivas, distantes de equipamentos urbanos, sem identidade, sem preocupação com o contexto espacial e cultural e sem legibilidade, tratadas meramente como a remediação de um problema nunca evitado.
Partindo do princípio corroborado pelos estudos precedentes de que habitação deve ser bem localizada, principalmente tratando-se de interesse social, e, considerando que o valor do terreno pode ser um limitador de projeto, partiu-se para a identificação de lotes bem localizados na cidade de Caxias do Sul, juntamente do levantamento aproximado do preço da terra por metro quadrado em cada bairro de interesse.

Assim, chegou-se a um terreno localizado no bairro Santa Catarina, um vazio urbano subutilizado e inserido em uma malha urbana consolidada. A região apresenta diversos empreendimentos de HIS, incluindo o primeiro conjunto COHAB de Caxias do Sul e diversos edifícios recentes financiados pelo MCMV. Além disso, a Rua Jacob Luchesi, em frente ao terreno em questão, consta no Plano Diretor como um Corredor de Tráfego, que, associado à centralidade secundária Santa Lúcia, denota a vocação da região para receber um empreendimento de tal porte.
O programa de necessidades foi elaborado com base nos projetos referenciais analisados e nas demandas presentes no local de implantação, com o intuito de produzir um ambiente completo para os moradores, desde a esfera privada até a pública. Assim, o programa é composto por áreas coletivas internas e externas, comércio, serviços, creche e moradias.
O conceito do projeto foi elaborado em torno dos seguintes pontos: uso misto, sustentabilidade, conforto térmico-ambiental, layout flexível, fachadas dinâmicas, baixa manutenção, tipologias variadas, baixo custo e densidade de implantação. A tipologia dos apartamentos foi concebida com base no conceito estabelecido para o projeto e com a premissa de que a mesma deveria ser facilmente adaptada, atendendo a portadores de necessidades especiais. Tal característica permite que os apartamentos sejam ocupados por PNE desde sua compra ou sejam adaptados no decorrer da vida do morador, de acordo com as necessidades apresentadas.

Por fim, o projeto foi desenvolvido a partir de extensa pesquisa bibliográfica e estudo de referenciais buscando uma forma de prevenir invasões e a posterior necessidade de realocação das famílias de baixa renda, incapazes de adquirir moradia no mercado formal, através da oferta de moradias de qualidade a baixo custo. O conjunto habitacional multifamiliar projetado foi complementado por áreas comuns de convivência, lazer, comércio e serviços com o intuito de promover relações com o contexto de inserção e reais possibilidades de convívio urbano, exercendo os princípios da boa arquitetura e do bom urbanismo de forma concisa.

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