Departamento de Tradições Gaúchas Poncho Verde: sede social e campeira para o município de Panambi/RS

Com muito orgulho pela cultura e identidade que o povo gaúcho conquistou, trazendo um tema fruto de uma vivência pessoal da autora dentro do DTG Poncho Verde por muitos anos, a proposta do projeto é possibilitar a implantação de um centro tradicionalista gaúcho para a entidade, em uma gleba no perímetro urbano de Panambi, dominada por uma ampla área de preservação permanente e abundante de recursos naturais verdes. O principal problema de pesquisa é a ausência de espaços adequados para a realização das atividades da entidade, que vem ocupando um espaço cedido pela Escola Poncho Verde, da qual se originou. O projeto justifica-se por meio de seu caráter social e cultural, uma vez que pretende, por meio da arquitetura, estabelecer e proporcionar o bem-estar dos usuários e a integração da comunidade não tradicionalista.
Para isso, o anteprojeto conta com oito edificações para atender todas as necessidades da entidade, divididos nos setores: social, campeiro, artístico, administrativo e de serviços. Todos eles possuem soluções estruturais e tecnológicas que criam uma identidade ao projeto e proporcionam muitas vantagens econômica e sustentáveis, através de técnicas bioconstrutivas que aprimoram o conforto térmico, lumínico e acústico das edificações. Entre estas técnicas estão o recolhimento da água pluvial para abastecimento de bacias sanitárias, irrigação de jardins internos, abastecimento de bebedouros e limpeza de cavalos; iluminação natural no salão de eventos principal através de uma clarabóia com telhas de policarbonato alveolar; e, paredes internas do auditório com vedação em fardos de palha.
Apesar da rusticidade e desenho mais retificado das plantas baixas, o conceito do projeto é a Música. Ela está presente em todos os tipos de atividades e encontros festivos que um centro de tradições promove. Portanto, não há CTG sem música. No projeto, a melodia, harmonia e o ritmo estão presentes na organização do parque como um todo, nos fluxos, na solução de acessos e circulações e, na praça do Bugio, aberta à comunidade local com um totem interativo onde o público pode seguir as gravuras de passos para aprender a dança do bugio, único ritmo gaúcho nativo do RS, uma forma de ensinar cultura e atrair o público não tradicionalista. Além disso, o conceito aparece também na solução arquitetônica de algumas fachadas, trazendo linhas orgânicas e leveza para grandes coberturas. E para não deixar de lado os princípios de simplicidade dos tradicionais galpões de CTG’s mas, aliado às novas tecnologias e contemporaneidade, as fachadas são composições de materiais naturais como a madeira de demolição, estruturas metálicas e concreto.
O projeto paisagístico tem como inspiração os Jardins Ingleses, onde prevalecem as características mais naturalistas da vegetação e os caminhos orgânicos, com vegetações que atraem pássaros e insetos, evidenciando os sons da natureza e fazendo referência ao conceito musical. A escolha das espécies levou em consideração a coloração das flores e frutos, dando preferências às cores da bandeira gaúcha: verde, vermelho e amarelo. Para evidenciar os símbolos oficiais do Rio Grande do Sul, espécies como a Erva-mate e o Brinco-de-princesa fazem parte do paisagismo.

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